sábado, outubro 31, 2009

Fernando Seara: "Foi a solução possível para manter a identidade da fachada e salvaguardar a ligação ao artista."

(Notícia do Público de 30-10-2009)A casa onde morou Stuart de Carvalhais (1887-1961), desenhador que introduziu a banda desenhada em Portugal, foi demolida esta semana, para dar lugar a um novo prédio que irá integrar a reconstruída fachada do antigo imóvel. Moradores de Queluz não se conformam com a demolição, mas o presidente da Câmara de Sintra considera que foi a melhor forma de "preservar o espírito do artista".A pesada retroescavadora avançou na segunda-feira sobre as paredes da casa de dois pisos, mais cave. O imóvel onde residiu o reputado pintor e desenhador, que publicou trabalhos em jornais como o Diário de Notícias, Diário de Lisboa eA Bola e em revistas como a Sátira e CaraAlegre, ficou rapidamente reduzido a escombros. Quando o pó assentou foram vários os moradores que protestaram contra a demolição do edifício, que por diversas ocasiões foi apontado como ideal para a criação de um espaço museológico dedicado à obra do artista.

"Tanto a câmara como a junta tiveram um papel preponderante nesta situação", acusa Manuel Guedelha, candidato pela CDU na freguesia, que no blogue Cidadania Queluz lamentou "o património histórico da cidade destruído". Embora admita que "o edifício não possuía uma elevada qualidade arquitectónica, mas tinha um elevado valor pela ligação ao artista".

"Senti um vazio semelhante ao da demolição de parte do aqueduto que abastece o Palácio Nacional de Queluz", desabafou, por seu lado, Bruno Ribeiro Tavares, no blogue Hardmusica, quando soube da destruição de mais um pouco do património de Queluz. "Algo se passa de errado na cidade", comentou o militante do PS.

"Os azulejos e as cantarias foram desmontadas e, depois do restauro, vão ser repostas na fachada, que será reconstituída à frente do novo prédio", explicou Rogério Rocha, responsável da empresa António Guerreiro. A Câmara de Sintra aprovou em 2008 o projecto para demolição do imóvel e a sua reconstrução parcial num prédio com quatro pisos e cave para estacionamento. O novo edifício, com seis fogos, alinhará pelo prédio do lado. A empresa possui a casa de Stuart de Carvalhais "há mais de 30 anos" e, segundo a mesma fonte, nunca foi contactada para qualquer aproveitamento cultural da propriedade.

"O projecto está licenciado com parecer favorável do Igespar", confirmou o presidente da autarquia, Fernando Seara, acrescentando: "Foi a solução possível para manter a identidade da fachada e salvaguardar a ligação ao artista."

4 comentários:

  1. [...] Fernando Seara: “Foi a solução possível para manter a identidade da fachada e salvaguardar ... [...]

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  2. A câmara de sintra não aprovou qualquer projecto de demolição já que essa competência é exclusiva do Presidente da Câmara. Pergunto porque é que alguns tem medo de falar nas responsabilidades do Presidente da câmara?. Lamento profundamente a decisão do Presidente da câmara Dr. Fernando.

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  3. Não sendo a responsabilidade de um colectivo, mas sim de um só homem, então ainda é mais grave.
    Decisões destas não podem ficar à mercê de alguém que achou que seria a solução possível. Quem é o Dr. Seara para consentir na delapidação do património de Queluz?
    Achou que era a solução e achou muito mal...

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  4. [...] altura em que autarcas autorizam a destruição de símbolos identitários da cidade, e outros calam-se, convém relembrar um dos símbolos da cidade de Queluz: a [...]

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