quarta-feira, julho 14, 2010

Fátima Campos: "nestes 13 anos não esmorecemos, não desistimos, não virámos a cara à luta"

13º Aniversário da Freguesia de Monte Abraão
Eleitos na Cerimónia do 13º Aniversário da Freguesia de Monte Abraão
No dia 12 de Junho, a freguesia de Monte Abraão comemorou 13 anos. A presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão comemorou também 13 anos que está à frente da Junta de Freguesia de Monte Abraão. Legalmente é o seu último mandato e ao Jornal da Região disse que irá ter "pena" quando não se puder candidatar. "É quase como um filho parido por nós. Fui eu que o ‘amamentei’, fui eu que o eduquei, fui eu que o criei – eu à frente de um executivo, naturalmente, e com o apoio dos funcionários da Junta de Freguesia –, e vai ser como abandonar um filho," justificou.

Na cerimónia do aniversário de ante-ontem, Fátima Campos, presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão, enalteceu o trabalho da Junta de Freguesia nos últimos 13 anos e não deixou de criticar a acção de muitos eleitos que se envolvem "em jogos de interesses pessoais ou de grupo, em pequenas guerrilhas e ajuste de contas típicos da pequena política."

Discurso de Fátima Campos na Cerimónia Comemorativa do 13º Aniversário da Freguesia de Monte Abraão
Exmas Senhoras,

Exmos Senhores,

É num momento de particular dificuldade que assinalamos o 13º aniversário da Freguesia de Monte Abraão. Obstáculos e resistências de origens e fundamentos diversos, estruturais ou conjunturais, que, na prática, dificultam diariamente o trabalho de quem gere esta Junta de Freguesia e, por conseguinte, de todos os residentes e frequentadores de Monte Abraão.

Atentemos bem:

- Atravessamos uma grave crise financeira mundial - que, naturalmente, também nos atinge nos meios que nos são disponibilizados.

- Continuamos confrontados com uma gritante falta de cultura democrática relativamente à instância de poder eleita mais próxima do eleitor proveniente do poder central – que quer retirar às Juntas de Freguesia competências, meios financeiros e, prevejo que no futuro, a própria existência

- Debatemo-nos com a falta de importantes equipamentos essenciais, designadamente na área social, por mais que tentemos sensibilizar a autarquia para a necessidade da sua construção (carregando, junto de alguns moradores, o fardo da injusta responsabilidade pela situação)

- Fomos recentemente surpreendidos por um Executivo camarário que procede a realojamentos de famílias originárias do seu concelho em território vizinho, no caso Monte Abraão, sem qualquer aviso prévio ou estratégia de concertação com as respectivas instituições,

Esta última questão levanta uma outra, de carácter mais geral (e até filosófico), mas que está na origem do apodrecimento do sistema político em Portugal: a relação de confiança e fidelidade entre eleitos e eleitores e as verdadeiras motivações dos eleitos.

Muitos dos que são eleitos perdem aquela que devia ser a sua bússola: os eleitores e as promessas eleitorais realizadas. Envolvem-se – é mesmo esse o termo – em jogos de interesses pessoais ou de grupo, em pequenas guerrilhas e ajuste de contas típicos da pequena política.

Quando tal acontece, os interesses dos cidadãos e dos respectivos territórios passam para segundo plano ou são mesmo totalmente esquecidos. Quem mantém a bússola, a palavra e a espinha dorsal é então confrontado com poderosos obstáculos para honrar o mais alto compromisso que uma eleição celebra: o pugnar pelos legítimos interesses dos eleitores. É isso que tem acontecido connosco, com a surpresa desta atrofia da democracia também chegar de onde menos esperávamos.

Por tudo isto, percebemos a complexidade desta missão e o empenho e talento que exige.

Exmas Senhoras

Exmos Senhores

Nestes 13 anos, não esmorecemos, não desistimos, não virámos a cara à luta, não transigimos com aquilo que consideramos essencial em democracia e que se afigura indispensável para a melhoria do quotidiano de Monte Abraão.

Soubemos ganhar o nosso espaço (sem desrespeitar as demais instituições legitimamente investidas das suas funções): primeiro na própria investidura da Junta, depois na luta pela mesma dignidade e condições de vida, respectivamente da Freguesia e dos seus moradores (como no caso da estação da CP e de outras instituições aqui sediadas).

Denunciamos e lutamos contra todas as tentativas de nos apoucar institucionalmente (caso da REN).

Soubemos eleger prioridades, prossegui-las e, assim, dar um sentido a 13 anos de gestão do território: o apoio social em toda a sua plenitude (a idosos, crianças e famílias carenciadas/problemáticas), os espaços verdes; os equipamentos de lazer, educação, cultura e desporto.

O resultado deste trabalho é inegável. Às tarefas da fundação da Junta de Freguesia de Monte Abraão, seguiu-se a “edificação” de um território que tem, efectivamente, as pessoas no centro da sua acção. No concelho de Sintra, não tenho falsas modéstias em dizê-lo, Monte Abraão é uma das melhores Freguesias para se viver ou trabalhar. Apesar de todas as dificuldades e condicionalismos sócio-económicos.

Há muito para fazer. Haverá sempre, de resto. Mas Monte Abraão é uma Freguesia estruturada, de cara lavada, respeitada e respeitável, onde os seus habitantes são acompanhados e convidados a participar numa gestão para o bem comum.

Quero deixar uma palavra de profundo agradecimento e reconhecimento a todos as pessoas que integraram os anteriores Executivos por mim liderados e a todos os funcionários, colaboradores e voluntários que connosco trabalharam e continuam a trabalhar para o engrandecimento desta Freguesia durante estes últimos 13 anos.

Obrigada a todos. Viva o Monte Abraão!