Discurso de Fátima Campos, eleita pelo Partido Socialista em Monte Abraão, na Cerimónia Pública da Instalação dos novos Órgãos Autárquicos para o mandato de 2009-2013:
Tomo hoje posse para o meu último mandato como presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão. Inicio hoje a última etapa daquele que é o trabalho do primeiro presidente desta Freguesia.
(Entendam a utilização da primeira pessoa do singular não como um instrumento de menorização da minha inexcedível equipa, mas como uma forma de personificar responsabilidades.)
Estes dois factos são de crucial importância para se perceber os objectivos traçados e se fazer o balanço da acção do elenco por mim presidido.
Quer com isto dizer que viemos quase “do nada”. Há 12 anos, quando a Freguesia de Monte Abraão foi instituída, as carências eram enormes, dando razão aos fundamentos político-funcionais para essa autonomização (os territoriais eram já demasiado evidentes).
Numa dúzia de anos, mudámos esta Freguesia. Para melhor, como julgo que ninguém tem dúvidas. Permitam-me até o desassombro e a imodéstia de poder comparar com conforto Monte Abraão e qualquer outra Freguesia do concelho de Sintra. Peço meças aos meus caríssimos homólogos em matéria de qualidade de vida dos habitantes e frequentadores destas áreas.
Em Monte Abraão fizemos uma opção muito clara pelo bem-estar das pessoas. Daí a aposta na área social – com apoio e prevenção dirigidos a todas as classes, mas em especial aos jovens, aos idosos e aos mais pobres. O fomento da cultura, da recreação, do convívio e da saudável prática desportiva assume-se como o instrumento-chave desta política, consubstanciada na criação de espaços e iniciativas próprias (organizados pela Junta) e no estímulo ao associativismo responsável.
A requalificação do espaço (esmagadoramente urbano, em Monte Abraão) também obedece a esta lógica de procurar proporcionar, no dia-a-dia, a melhor qualidade de vida a todos: assim se explica a insistência na criação e preservação de espaços verdes, tão importantes para que a as pessoas se sintam bem, em harmonia e não “enjauladas entre muralhas de betão”. O estacionamento e as acessibilidades constituíram os dois outros focos da nossa preocupação, mas sempre numa óptica prática, de satisfação da soma das necessidades individuais do mosaico que constitui a população e jamais numa perspectiva “macro”, tantas vezes subordinada ao primado do “número gordo” para impressionar ou da reclamação provinciana baseada em rivalidades balofas.
O resultado está à vista para quem conhece Monte Abraão e foi certificado por quem deve, a população. Aliás, esta “ratificação” é evidente para todos os que quiserem interpretar aritmética e evolutivamente os resultados do passado dia 11 de Outubro. A lista da equipa que lidero não só venceu as eleições com maioria absoluta, como o PS foi a única força política que reforçou a sua votação, ao contrário de todos os partidos e coligações da oposição, que obtiveram menos votos do que em 2005.
Aludo a este facto não para menosprezar ou humilhar politicamente a oposição, transformados nos últimos quatro anos como verdadeiros adversários do executivo que lidero e - isso sim, mais grave - da própria Freguesia. Faço-o não só para atestar a validação do rumo e acção por nós empreendidos mas também para sublinhar o enorme “cartão vermelho” que os eleitores deram à substância e, principalmente, ao modo de actuação da oposição. E aqui, muito em particular, ao lamentável episódio dos panfletos carregados de mistificações e com algumas mentiras, distribuídos no último dia de campanha eleitoral pela Coligação Mais Sintra e pelo PCP.
Não se pense que é fácil ou fruto do acaso a obra (a maioria dela estruturada em atenção, saber e verde e não de cimento e alcatrão) que origina esta clara preferência. É resultado de opções estratégicas acertadas e de muito trabalho e empenho de todos.
Neste particular – trabalho e empenho – quero aqui esclarecer uma matéria que tem sido alvo dos mais diversos comentários, a maioria deles fundados na má-fé, deturpação e, afirmo mesmo, alguma inveja. Refiro-me à feira de Monte Abraão e aos seus bons resultados financeiros. É importante e essencial que se diga que a Feira de Monte Abraão é uma boa fonte de receita da Freguesia porque funciona bem, tem boas condições tanto para quem vende como para quem a visita. E tem boas condições porque o elenco a que presido investiu – e bem – na sua realização. Dotou-a de capacidades logísticas e regras de funcionamento que a transformaram num apetecível local de comércio. Fê-lo com custos (até pessoais, uma vez que até injuriada e alvo de ameaças físicas fui naquele recinto) e por visão estratégica. Recordo, para encerrar este tema, dois factos tantas vezes esquecidos mas importantes. O primeiro é que antes do nosso investimento, a feira não era fonte de rendimento, mas sim de problemas de diversa ordem; o segundo é que, ao contrário do que sucede com outras feiras de outras freguesias, não contamos com qualquer ajuda da Câmara Municipal de Sintra no necessário esforço financeiro para que a feira seja aliciante e rentável.
Quanto ao futuro, nós, executivo da Junta de Freguesia de Monte Abraão, prosseguiremos a nossa estratégia que prioriza as pessoas e o seu bem-estar quotidiano, fazendo-o pelas mesmas vias: apoio social e qualidade dos espaços comuns e acessibilidades (com o acento tónico dado aos espaços verdes). Para esta tarefa queremos e precisamos de continuar a contar com a generosa participação de todos os residentes e frequentadores da Freguesia. E gostaríamos também de poder ter a colaboração e a boa-fé (que não passam por uma concordância acrítica às nossas propostas e iniciativas) das outras forças políticas sufragadas e da Câmara Municipal de Sintra.
A respeito do executivo de Sintra, sublinho que continuamos esperançados em ter deste órgão também directamente legitimado pelo voto popular uma verdadeira e genuína parceria, centrada no interesse de Monte Abraão e dos seus habitantes.
A atitude do executivo sintrense será determinante para a evolução (ou não) que urge existir na área da educação, designadamente no alargamento e renovação do parque escolar. Esta é, igualmente, uma das nossas prioridades, que obviamente concorre para o bem-estar da população. A diferença é que, neste campo, a Junta de Freguesia não é auto-suficiente para agir, pelo que não poderá ir além do papel de porta-voz das preocupações e de proponente de soluções, mas nunca no de executora. A menos que lhe sejam delegadas competências e meios para o feito, algo que é já por nós reclamado há dois mandatos
Já vai longa a minha intervenção. Não vos queria maçar mas muito menos desejava que as palavras que agora profiro se limitassem a ser um mero discurso circunstancial de investidura. Este é o meu último mandato, portanto, a última etapa de um processo que leva 12 anos. Os resultados são já satisfatórios mas quero mais, porque é possível mais e melhor para Monte Abraão. Assim todos queiram. Em 2013, mesmo sem ir a votos, receberei, com humildade democrática, o veredicto daqueles que hoje represento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário