terça-feira, outubro 27, 2009

Património histórico da cidade destruído: casa de Stuart Carvalhais demolida

Esta semana, os actuais proprietários demoliram a casa de Stuart Carvalhais na Rua Conde de Almeida Araújo (rua da Junta de Freguesia de Queluz.)

Tratava-se de património histórico da cidade. Se Queluz fosse concelho era imóvel de interesse municipal, mas sob a alçada da Câmara Municipal de Sintra, a Câmara quando o imóvel esteve em hasta pública absteve-se de o adquirir.

Apesar de na memória colectiva a casa de Stuart Carvalhais ainda permanecer no local, hoje trata-se de um espaço vazio da Rua Conde de Almeida Araújo. Amanhã poderá ser um novo prédio a descaracterizar o centro histórico da cidade.

Aquando das obras de demolição da casa Stuart de Carvalhais não constava qualquer placa de informação da obra/alvará. Desconhece-se se a demolição terá sido autorizada pela Câmara Municipal de Sintra, que projecto existe para aqueles metros quadrados e se foram salvaguardados os azulejos.

Quem foi Stuart Carvalhais (ver biografia e fotos aqui)?

Stuart Carvalhais (1887-1961) foi o introdutor da banda desenhada em Portugal.

Exerceu muitas actividades desde pintura, desenho, ilustração de capas de livros e cartazes, até fotografia, cinema, decoração, cenografia mas foram as suas caricaturas que o tornaram mais conhecido. Em 1949, foi-lhe atribuído o Prémio Domingos Sequeira

Foi também um cronista perspicaz e de sátira aos poderosos. No suplemento humorístico de "O Século" com as célebres "Aventuras do Quim e do Manecas", faz um retrato crítico da burguesia.

São evidentes a sua criatividade ao usar os mais diversos materiais tais como papel de embrulho, cartão e fósforos queimados com que mostra em traços rápidos as tristezas e misérias dos vários tipos populares.

Ele foi apontado como um pilar do modernismo em Portugal e também “dos mais simples, dos mais ingénuos, dos mais belos da história portuguesa contemporânea do traço e da cor”.

Stuart Carvalhais viveu parte da sua vida em Queluz tendo o seu nome perpetuado numa Escola Secundária desta cidade na freguesia de Massamá.

Podemos ver um painel da sua autoria com cerca de 3x9m na empena do edifício do antigo Parque Infantil no Jardim Conde de Almeida Araújo em Queluz, a alguns metros da sua casa agora em semi-ruína.

O prédio onde Stuart viveu, no outro extremo do Jardim.

Um grande mural de azulejos com reprodução de alguns dos seus desenhos é patente nas proximidades do Aqueduto do lado oposto da rotunda da Av. Eng. Duarte Pacheco em Queluz.

Fotos da demolição:



7 comentários:

  1. Não quero de deixar de expressar a minha raiva pela indiferença com que a Câmara Municipal de Sintra e a Junta de Freguesia de Queluz, ao longo destes últimos mandatos têm tratado Queluz.
    Agora assistimos num abrir e fechar de olhos à destruição da casa onde viveu Stuart Carvalhais.
    Não quero de deixar de apontar o dedo para sobretudo a Câmara Municipal que nada tem feito e não tem intervido para parar com esta destruição de um património cultural e arquitétónico que ao longo dos anos tem desaparecido na nossa freguesia.
    A CDU e eu pessoalmente sempre tem defendido que esta casa deveria ter sido adquirida pela autarquia e possibilitar a criação do Museu Stuart Carvalhais, como também defendeu na altura a aquisição do nosso antigo cinema para a construção de um Centro Cultural .
    Mas os nossos dirigentes camarários sempre têm demonstrado um total desrespeito pela nossa terra.
    Mas não havendo casa continuo a achar que a Câmara Municipal deve honrar o artista, e, criar um Museu de Stuart Carvalhais.
    Por isso cada vez é mais necessário que discutamos e avancemos para a separação do Concelho de Sintra e a criação do Concelho de Queluz.
    Meus senhores que estão em Sintra, deixem-nos tomar conta da nossa terra, não a deixem destruir.

    Manuel Guedelha

    ResponderExcluir
  2. Bom dia,
    Fiquei perplexo com esta notícia da demolição da casa onde Stuart Carvalhais viveu. É sem dúvida um rombo na cultura e património de Queluz. Já há uns anos atrás aconteceu o mesmo ao imóvel localizado na mesma artéria e que serviu em tempos a uma sala de cinema, ostentava na sua fachada uma carranca lindíssima, que desapareceu provavelmente para tomar lugar nalgum entulho, agora o mesmo está a acontecer ao painel de azulejos que encimava a porta principal, isto sem ter em conta o conjunto imobiliário, que no primeiro caso poderia ter servido para a implantação da biblioteca de Queluz e no segundo caso a fundação do museu casa de Stuart Carvalhais.
    Por quanto tempo mais vamos aguentar esta destruição?
    Por este andar não tarda nada alguém a acordar e a ir ao palácio de Queluz e fazer o mesmo.
    A Câmara de Sintra e os seus dirigentes não se envergonham do mal que estão a fazer ao património de Queluz e à sua gente?
    Espero que o Sr. Presidente da Câmara não tenha a ideia de construir no local um complexo desportivo pois é aquilo que anda sempre a pensar em DESPORTO, e pouco em assuntos da edilidade para que foi eleito principalmente em Queluz.
    Aguardo que se investigue o caso e muito especialmente quem autorizou tal demolição, e que as conclusões sejam tornadas publicas, pois não se pode continuar a permitir tais situações.
    Quem tem força para travar estes assassinatos ao património publico?
    Isto é revoltante!
    José Costa

    ResponderExcluir
  3. Realmente é lastimável que se deixem "apagar" os símbolos mais valiosos (do ponto de vista sentimental, cultural e de memória dos povos) do nosso Concelho. Outros, como a antiga Pensão Bristol em Sintra, apodrecem também aos poucos porque há também quem prefira embargar obras de transformação, preferindo eventualmente o "ninho de ratos" que agora ali jaz...

    ResponderExcluir
  4. De indignação é, de facto, o sentimento que me assola ao saber da demolição da casa onde viveu Stuart Carvalhais.
    Pergunto: como é possível que nem a Câmara nem a Junta de Freguesia tenham feito nada para impedir o que aconteceu?!
    Mesmo tratando-se de uma propriedade privada, esperava-se que os representantes do povo na autarquia fizessem alguma coisa para manter o imóvel e transformá-lo no tal Museu do Stuart!
    E aqui a responsabilidade é de todos, sem excepção!
    Mais uma vez, fica patente a passividade demonstrada por autarcas e população no que toca à defesa dos símbolos da nossa sociedade.

    ResponderExcluir
  5. Não me conformo.
    Hoje mesmo dirigi este e-mail ao Jornal de Sintra.

    "Escrevo-vos pela primeira vez para que possam dar voz à revolta, indignação, perplexidade de muitos dos cidadãos de Queluz.

    Ontem no maior dos silêncios demoliram completamente a Casa de Stuart Carvalhais.

    Há muito que se reclamava a reabilitação daquela casa e se transformasse a mesma numa Casa/Museu.

    Para espanto de todos, eis a resposta.

    Ontem mesmo escrevi ao Presidente da Câmara Municipal de Sintra, com conhecimento ao Presidente da Junta de Freguesia de Queluz, para lhe perguntar por que não fez nada para impedir esta demolição. Se fez, que nos informe do que foi feito. Temos esse direito.

    Caminhamos para um país, um concelho, uma freguesia sem memória, sem respeito nenhum pelo nosso património!

    Com os melhores cumprimentos,


    Rosinda Beltrão"

    ResponderExcluir
  6. [...] comentários: OS MORADORES on Dezenas de árvores abatidas em…Rosinda Beltrão on Património histórico da cidade…José Ramos on Património histórico da cidade…Fátima Campos on Tomadas de posse nas Juntas [...]

    ResponderExcluir
  7. Realmente tudo isto nos pode entristecer. Stuart, como Mário Eloy que passava longas temporadas no Telhal, povoaram a minha imaginação de miúdo.

    Parece que somos um povo sem história e sem memória.
    Já há uns anos, a Câmara da Amadora demoliu o Aqueduto da Gargantada.

    Manuel Pinho destruiu a casa onde viveu Almeida Garrett.

    Olho só vejo bimbos à minha volta! E são eles que nos governam!

    ResponderExcluir